quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Espetáculo em São Paulo aborda relação amorosa entre duas freiras

Uma polêmica relação amorosa entre duas freiras é o tema do espetáculo Do Claustro, que estréia dia 17 de janeiro no Espaço dos Satyros, em São Paulo. A peça, de Ruy Jobim Neto, é ambientada no final do século XVII em Salvador e trata da relação entre duas Clarissas (devotas de Santa Clara) no Convento do Desterro. A direção é de Eduardo Sofiati e a montagem da Cia. Mestremundo de Histórias, com as atrizes Débora Aoni e Carolina Mesquita.Na peça, a Irmã Mariana (Débora), uma clarissa enclausurada às portas da loucura, confessa à outra religiosa, Irmã Cecília (Carolina), sobre o seu relacionamento sexual e amoroso com um poeta-advogado que se encontra preso e ameaçado de degredo para a África. Desta forma, ela narra sua vida, desde o engenho de cana-de-açúcar, a violência do pai, o refúgio em um quilombo, suas experiências sexuais e sua clausura. Porém, ao longo da narrativa a amizade vai ganhando novos horizontes e sensações e Irmã Cecília é avassaladoramente atraída por Irmã Mariana."A peça retrata o lado escondido de uma época, com mulheres de seu tempo, seus desejos, seus medos e culpas. Procura mostrar o poder estabelecido dominando o povo, a fusão do sacro e o profano, uma civilização em franca decadência. Nada mais atual, portanto, para um Brasil onde a religião e o sexo ainda são tratados de forma tão arcaica e complexa", afirma o autor, que há mais de vinte anos pesquisa sobre o universo do século XVII no Brasil. A peça foi escrita, em julho de 2007, especialmente para as atrizes. "Com minhas pesquisas e a participação das atrizes criei as personagens enclausuradas e apaixonadas no interior do Convento de Santa Clara do Desterro, o primeiro monastério feminino do Brasil, fundado em 1677, por cinco madres superioras que vieram do Convento de Santa Clara de Évora, em Portugal. É uma peça sobre nossas origens, que investiga os caminhos da mulher brasileira ao longo de nossa História, e que demonstra uma atualidade desconcertante", afirma.Na montagem a platéia se dispõe em torno das atrizes em cena, praticamente completando o cenário, como se fosse, em conjunto, as próprias paredes de uma das celas do Convento, enclausurando o elenco. "A encenação foi criada para aproximar ao máximo o público das atrizes e da situação que as personagens enfrentam, a clausura forçada, prisão, onde as regras e ditames de uma sociedade amarraram estas duas pessoas", afirma o diretor.

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